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O SIMBOLISMO DO NEÓFITO NA MAÇONARIA

Por Vanderlei Coelho


O QUE SIGNIFICA NEÓFITO NA MAÇONARIA?


O SIMBOLISMO DO NEÓFITO NA MAÇONARIA
Imagem ilustrativa gerada por IA

Introdução

A palavra neófito é muito utilizada na Maçonaria. Mas você sabe o que ela realmente significa e qual é o seu simbolismo dentro da Ordem?


O neófito é o maçom recém-iniciado — uma nova planta, um novo ser que passou por uma transformação profunda. Ele simboliza o renascimento, a mudança de estado, a transição significativa a partir da condição anterior: do homem profano ao iniciado.


Neste artigo, vamos mergulhar no simbolismo do neófito na Maçonaria, explorando a chamada “morte simbólica” do profano e o nascimento do Maçom. Você vai descobrir a origem da palavra, sua ligação direta com o Aprendiz Maçom e como essa jornada é comparada à semente lançada em solo fértil, que busca a luz do conhecimento para crescer.


Entenda o importante papel dos Mestres Maçons como jardineiros, responsáveis por

plantar, regar e fornecer luz (conhecimento) para que os neófitos cresçam, se desenvolvam e deem bons frutos.


Conheça a parábola do semeador que é usada para ilustrar a importância da escolha de bons candidatos e de um ambiente fraternal na Loja.


Prepare-se para descobrir por que o neófito é a base do edifício simbólico da Maçonaria e como o termo representa o início de uma jornada transformadora rumo à Luz.


Origem da palavra neófito

A palavra neófito tem origem no grego neophytos ou no latim neophytus. É composta de duas palavras: neo = novo e phyto = planta.


Você já deve ter ouvido falar em fitoterápico ou fitoterapia. Fitoterápicos são produtos obtidos das plantas para fins terapêuticos. A fitoterapia é o tratamento ou prevenção de doenças por meio do uso de plantas.


Sabendo que phyto está relacionado a planta, neófito é uma nova planta ou, ainda, recém-plantado.


Contexto religioso

No contexto religioso, é o indivíduo que se converteu há pouco tempo, como, por exemplo, ao cristianismo — alguém que foi recentemente batizado, um cristão-novo. Pode ser também um noviço no convento.


Contexto mais amplo

Ao longo do tempo, o termo passou a ser utilizado de forma mais ampla, com vários significados, como por exemplo: um sujeito que está em um local pela primeira vez; alguém que é novo em algo; principiante ou novato; e ainda, alguém que está começando uma nova jornada — seja em um novo emprego ou iniciando um novo aprendizado.


Início de minha jornada na maçonaria

Fui iniciado em 9 de abril de 2011. Foi uma grande cerimônia em comemoração aos 26 anos de fundação da Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia (GLOMARON). Não me recordo ao certo quantos, mas sei que mais de 20 Irmãos foram iniciados na mesma Sessão. Lembro que quem presidiu os trabalhos foi o então Grão-Mestre, Irmão Juscelino Morais do Amaral.


Os Irmãos mais antigos passaram a nos chamar de neófitos. Confesso que nunca havia ouvido essa palavra antes, mas não era preciso ser nenhum gênio para entender que estavam se referindo aos recém-iniciados.


Neófito na maçonaria

O neófito é como uma nova planta — um novo ser, diferente do anterior. Houve uma transformação, um renascimento, uma mudança de estado: uma transição significativa a partir de sua condição anterior.


O grão morre para renascer como uma nova planta. Ou seja, deixa de ser apenas semente para tornar-se algo completamente transformado.


O que significa neófito na Maçonaria? Na Maçonaria, o neófito é o maçom recém-chegado — a nova planta. Como se trata de uma fraternidade iniciática, o neófito é aquele Irmão que acaba de ser iniciado na Ordem, tendo passado pelas provas simbólicas da iniciação.


Iniciação na maçonaria

Segundo o Irmão Izautonio Machado, no livro Introdução ao Rito de York: As Blue Lodges:

A palavra Iniciação tem raiz latina, e significa começo. Deriva dos fonemas “In” (para dentro) e “Ire” (ir). Ou seja, ir para dentro, ingressar em seu interior para dar início a uma nova forma de conhecimento. Iniciar significa, portanto, introduzir alguém em um novo conhecimento, sendo exatamente isso que ocorre na iniciação maçônica, onde o iniciado passa a ter acesso aos conhecimentos da Ordem.

Introdução ao Rito de York: As Blue Lodges
Capa do livro Introdução ao Rito de York: As Blue Lodges

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Mistérios de Elêusis

Mistérios de Elêusis
Figura: Mistérios de Elêusis: Deméter, Perséfone e Triptolemos (o menino), um desenho de 1899 de uma escultura em pedra encontrada em Elêusis. Fonte: Introdução ao Rito de York: as blue lodges

Os Mistérios de Elêusis, também conhecidos como Mistérios Eleusinos, eram ritos de iniciação ao culto das deusas agrícolas Deméter e Perséfone, que se celebravam em Elêusis, localidade da Grécia próxima de Atenas.


Fazendo uma analogia com a alegoria do grão de trigo — que morre no inverno sob a terra para renascer como uma nova planta na primavera —, o neófito passa por uma morte simbólica: é lançado à terra, na câmara de reflexões, sua primeira prova, para então morrer, germinar e florescer. Ou seja, morre o homem profano para nascer o homem maçom.


Antigamente, as iniciações no hemisfério norte ocorriam no Solstício de Inverno, quando a noite é a maior do ano, simbolizando que o candidato à iniciação na Maçonaria estava na escuridão em busca da luz.


O neófito e a relação com a astronomia

O Irmão Jorge Gonçalves tem uma palestra fantástica — Filhos das Estrelas — que aborda com maestria a relação histórica e simbólica entre a astronomia e a Maçonaria. Também está disponível em forma de artigo aqui no site Maçonaria com Excelência, para saber mais clique no botão abaixo:


Ele discute a antiga observação dos movimentos celestes, a evolução da compreensão do universo, a importância das constelações e do zodíaco. O artigo detalha como fenômenos astronômicos como os solstícios e os equinócios foram usados para marcar o tempo e as estações, e como esses conceitos, particularmente no Rito Escocês Antigo e Aceito, simbolizam a morte, o renascimento e a busca pela sabedoria.


As colunas zodiacais e as marchas dos graus simbólicos

As colunas zodiacais e as marchas dos graus simbólicos
Capa do livro As colunas zodiacais e as marchas dos graus simbólicos

Outra importante fonte que eu recomendo é o livro As Colunas Zodiacais e as Marchas dos Graus Simbólicos, do Irmão Bariani, Grão-Mestre ad vitam da GLOMARON e Eminente Acadêmico da Academia Maçônica de Letras de Rondônia.


Na obra, o Irmão Bariani aborda os significados de cada passo que compõem as Marchas nos Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, e as correspondências com as Colunas Zodiacais.


O livro tem ainda como escopo entender o conceito do antropocentrismo, o Homem como a creação principal do Grande Arquiteto do Universo e sua relação com a caminhada evolutiva em busca da perfeição possível.


É creação mesmo, e não criação — no livro ele explica o porquê. Para saber mais sobre o livro, clique no botão abaixo:


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Os graus simbólicos da Maçonaria

Por analogia, os Graus Simbólicos da Maçonaria representam as fases da vida: o Aprendiz Maçom como sendo a criança; o Companheiro Maçom, o jovem; e o Mestre Maçom, o adulto.


Como visto, o Aprendiz Maçom, no início de sua jornada na Maçonaria, é chamado de neófito, uma nova planta.


Ele passa por uma “morte simbólica”, se desvencilhando do homem profano para nascer o homem maçom. É o que chamamos de desbastar a pedra bruta.


A Maçonaria é como um imenso campo, mas é na Loja — simbolizada pelo terreno, que precisa ser fértil — que a semente é plantada e germina. Surge o neófito, o Aprendiz Maçom. Sua missão é a mais óbvia de todas: aprender.


Depois, a planta começa a florescer na figura do Companheiro Maçom. A ele compete o autoconhecimento. Ao chegar ao Grau de Mestre Maçom, é como a árvore frondosa, e seus frutos — aqui simbolizados pelo conhecimento — serão repassados aos próximos Irmãos que virão, constituindo-se um ciclo virtuoso de aprender e ensinar.


O que é preciso para o neófito crescer

Assim como uma planta necessita de água, luz solar e nutrientes, o recém-iniciado deve cultivar em si: humildade, disciplina, paciência e vontade.

• Humildade, para aceitar que ainda está no início da jornada;

• Disciplina, para manter a constância nos estudos e as práticas ritualísticas;

• Paciência, para respeitar o tempo de seu próprio florescimento;

• Vontade, para crescer apesar das adversidades.


Mestre maçom, o jardineiro

Para crescer, a nova planta precisa de um jardineiro. Se o neófito é a semente recém-plantada no jardim da Maçonaria, o Mestre Maçom é o jardineiro. Com sua experiência e sabedoria, ele não deve apressar o crescimento do neófito, mas garantir que ele se desenvolva com constância e firmeza, respeitando o tempo necessário para que suas raízes se firmem e se tornem profundas, permitindo um crescimento sólido e duradouro.


Os Mestres Maçons preparam o solo — que é a Loja —, plantam, indicando novos candidatos, regam ao comparecer às Sessões, acompanham seus afilhados, fornecem luz (que é o conhecimento) e nutrientes (como paciência e a vontade de ensinar), além de todos os cuidados necessários para que os neófitos cresçam e se desenvolvam.


Parábola do semeador

Infelizmente, nem todas as sementes irão germinar, como nos ensina o evangelho segundo Mateus 13:3-9:

“(...) Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra parte caiu em solo pedregoso, onde não havia muita terra, e logo brotou, porque a terra não era profunda. Mas, saindo o sol, queimou-se; e, por não ter raiz, secou. Outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: uma a cem, outra a sessenta e outra a trinta por um. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”

Comparando a parábola com a Maçonaria

Eis que o Mestre Maçom começa a indicar. Uma parte dos que foram indicados ficou pelo caminho. Quais os motivos?

• O Mestre não fez boas escolhas?

• Os indicados não suportaram os desafios?

• A Loja não está sendo um terreno fértil?

• Os neófitos não criaram raízes profundas?

• O sol — representando a luz do conhecimento — está muito intenso?

• A quantidade é priorizada em detrimento da qualidade?

• Há uma pressão ou pressa para mudar de grau?

• Os Irmãos estão sendo espinhosos?


Segundo a ética aristotélica, “a virtude consiste em saber encontrar o meio-termo entre dois extremos.” Por isso, nem tanto ao céu, nem tanto à terra: é preciso saber usar a régua com sabedoria e precisão.


Se a Loja for um ambiente fraterno, será um terreno fértil — mas somente para as boas sementes.


A parábola do semeador encerra-se com a seguinte sentença: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” Os neófitos precisam ter a humildade para ouvir os conselhos dos Mestres, e os Mestres, a sabedoria necessária para ensinar.


Conclusão

O simbolismo do neófito na Maçonaria é uma poderosa alegoria de transformação, renascimento e crescimento interior. Representado como uma nova planta, o neófito é o maçom recém-iniciado, que, ao passar pela “morte simbólica” do profano e o nascimento do Maçom, inicia uma jornada em busca da luz do conhecimento.


Exploramos a origem da palavra, seu sentido denotativo, uso no contexto religioso e simbólico, especialmente no grau de Aprendiz Maçom. A parábola do semeador nos ensina que é necessário escolher as boas sementes, representando a importância da seleção criteriosa dos candidatos. A Loja, como o solo, deve estar preparada para acolher os novos Irmãos. Os Mestres Maçons, como jardineiros, precisam plantar, regar com cuidado e fornecer luz (conhecimento) para que os neófitos cresçam, se desenvolvam e deem bons frutos.


Que sejamos bons jardineiros, para que a Maçonaria continue a ser esse fértil campo de Construtores Sociais.


Fontes pesquisadas:

BARIANI, Walter de Oliveira. As Colunas Zodiacais e as Marchas dos Graus Simbólicos. Porto Velho, RO: Gráfica Imediata, 2018.


COELHO, Vanderlei. Maçonaria: decifra-me ou te devoro. YouTube, 20 de maio de 2025. 10min28s. Disponível em: https://youtu.be/fPxx5vFxo54. Acesso em: 28 de maio de 2025.


COELHO, Vanderlei. Os solstícios e a relação com a maçonaria. Disponível em: https://www.maconariacomexcelencia.com/post/os-solsticios-e-a-relacao-com-a-maconaria. Acesso em: 28 de maio de 2025.


DICIO, Dicionário Online de Português. Neófito. Disponível em: https://www.dicio.com.br/neofito/. Acesso em: 28 de maio de 2025.


GLOMARON, Grande Loja Maçônica do Estado de Rondônia. Ritual do Grau de Companheiro Maçom. Porto Velho, 2011.


GONÇALVES, Jorge. Filhos das Estrelas. Disponível em: https://www.maconariacomexcelencia.com/post/filhos-das-estrelas. Acesso em: 28 de maio de 2025.


MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Introdução ao Rito de York: as blue lodges. Brasília, DF: No Esquadro, 2023.


WIKIPEDIA. Mistérios de Elêusis. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mist%C3%A9rios_de_El%C3%AAusis. Acesso em: 28 de maio de 2025.

1 Comment


Parabéns meu irmão, conceito amplo e bem esclarecido para aqueles que estão em busca do aperfeiçoamento e do conhecimento.

SGM GLMESE José Genival De Andrade

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