A DOUTRINA MAÇÔNICA
- Maçonaria com Excelência
- 4 de nov.
- 8 min de leitura
ARLS Obreiros de Ferro nº 02
Grande Oriente de Rondônia (GOR/COMAB)
A DOUTRINA MAÇÔNICA

A Maçonaria possui duas dimensões: operativa e especulativa.
A Maçonaria Operativa se refere à construção de edifícios físicos, fazendo uso de materiais como a pedra e o mármore.
A Maçonaria Especulativa se refere à construção de um templo espiritual no interior de cada um de seus adeptos, usando para esta finalidade as instruções. A maçonaria especulativa adota para o seu propósito os utensílios e materiais que são utilizados na maçonaria operativa, conferindo-lhes significados simbólicos.
Enquanto a Maçonaria Operativa é uma Arte, a Maçonaria Especulativa é um Sistema de Pensamento fundado em uma Filosofia Moral.
A Maçonaria Operativa tem por fim uma construção física (algo concreto), utilizando como meio, conhecimentos científicos, como a geometria e a arquitetura.
Por sua vez, a Maçonaria Especulativa tem por fim uma construção espiritual (algo abstrato), utilizando como meio, conhecimentos filosóficos e simbólicos que fazem alusão a construções físicas.
Embora não haja unanimidade entre os historiadores maçônicos, que criaram várias teorias acerca da origem da maçonaria especulativa, é geralmente aceito que esta é decorrente da fraternidade medieval de maçons operativos, o que se evidencia pela preservação de muitas de suas regras e lendas derivadas das chamadas Old Charges (Antigas Obrigações).
É relativamente fácil definir a Ordem. A Maçonaria é uma organização fraterna secular, tradicionalmente franqueada somente aos homens. Propaga os princípios morais e busca promover a prática do amor fraterno e da atividade caritativa entre todas as pessoas – não somente entre os maçons. Não é uma religião; mas é uma sociedade de homens religiosos, na medida em que exige de seus membros que acreditem na existência de um “Ser Supremo”. (...) Embora não seja uma religião, a Ordem pode ser considerada uma “companheira filosófica da religião”. Essa ideia está implícita na definição da Maçonaria – tirada da Leitura do Primeiro Grau (Trabalho de Emulação) – como “um peculiar sistema moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”. (MACNULTY, 2012, p. 09).
Podemos ainda afirmar que a maçonaria é também uma organização iniciática e esotérica:
Iniciática:
“Iniciação” significa introdução de alguém em um novo conhecimento, sendo exatamente isso que ocorre na Iniciação Maçônica, onde o Iniciado passa a ter acesso aos conhecimentos da Ordem.
Esotérica:
Ensinos exotéricos
Ensinos passíveis de serem ministrados ao grande público e não somente a um grupo seleto de alunos.
Ensinos e doutrinas que, nas escolas da Antiguidade grega, eram transmitidos em público.
Ensinos esotéricos:
Ensinos ministrados a um círculo restrito e fechado de ouvintes.
Ensinos que, em certas escolas da Grécia antiga, destinado a discípulos particularmente qualificados, completava e aprofundava a doutrina.
O esoterismo se caracteriza pela transmissão de conhecimentos mais avançados de forma progressiva a pessoas eleitas consideradas aptas a recebê-los, sendo, portanto, de acesso restrito.
É exatamente isso o que ocorre na maçonaria, através da seleção de membros e do sistema de graus maçônicos, que são etapas de estudos acessíveis progressivamente.
Tais características não devem ser confundidas com o misticismo ou com o ocultismo.
“Não há sentido em ser maçom se a Filosofia Iniciática, que é a própria razão pela qual alguém ingressa na caminhada maçônica, é desprezada. Se um novo pensamento de busca pelos valores realmente iniciáticos da Maçonaria não começar a brotar dentro de suas fileiras e de suas instituições, é pouco provável que a essência filosófica se mantenha e possa sustentar sua manutenção e seu avanço pelos séculos vindouros. Deixará de ser uma “instituição iniciática” e se tornará apenas uma instituição beneficente e altamente burocrática, de onde terá se retirado todo o teor iniciático. É preciso que cada maçom repense seu próprio papel, seu próprio proceder e que, pouco a pouco, isso se torne uma onda de renovação no interior do povo maçônico.” (MUNIZ, Curso Elementar de Maçonologia).
Infelizmente, por desconhecimento da natureza da instituição a que pertencem, muitos maçons desejam fazer dela uma organização com objetivos completamente diferentes daqueles para os quais ela existe, desvirtuando as suas finalidades, o que é perigoso e coloca em risco a própria existência da maçonaria.
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Os Princípios da Maçonaria
Os Princípios da Maçonaria revelam três dos principais aspectos da Ordem:
Amor Fraternal: a maçonaria é uma Fraternidade de Irmãos;
Amparo: a maçonaria prega a prática da Caridade e do bem ao próximo;
Verdade: a maçonaria é um Sistema de Filosofia Moral e Ética Social, que contém em seu bojo um conjunto de instruções e lições de virtudes com o objetivo promover o aperfeiçoamento de seus membros.
A maçonaria é uma filosofia de vida, e por intermédio da sua liturgia, simbologia, alegorias e palestras inculca em seus membros a prática das virtudes.
O Lema da Maçonaria latina

A Igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, a raça ou nacionalidade;
A Liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, etnias, nações;
A Fraternidade de todos os homens, já que somos todos filhos do mesmo Criador e, portanto, humanos e como consequência, a fraternidade entre todas as nações.
“O espírito do Rito Francês”
Texto extraído do website da Grande Loja Nacional Francesa.
É comum ouvir que cada ritual tem sua própria especificidade e sua própria espiritualidade. Como os outros ritos, o Rito Francês baseia seus ensinamentos nos emblemas bíblicos e nos pretextos históricos a ele associados, mas não acrescenta nenhuma abordagem hermética e se concentra mais no valor moral das alegorias que são usadas do que nos seus detalhes.
Poderíamos dizer que a especificidade do rito francês é que ele não possui um: os outros ritos foram influenciados por fatores extra maçônicos e é essa influência que dá a todos sua especificidade, enquanto o rito francês não sofreu tal influência. Isso é verdade quando comparamos o Rito Francês com os outros Ritos da Maçonaria Francesa do século XVIII, isto é, com o Rito Escocês Retificado e com o Rito Escocês Antigo e Aceito, deixando os Ritos Britânicos e Americanos. Em particular, o rito francês não tem doutrina explícita. O fato de ele não ter doutrina não significa que ela não contenha ensino, mas seu ensino não é desenvolvido em lugar algum na forma doutrinária explícita e discursiva nos textos do rito.
A espiritualidade maçônica está enraizada na tradição judaico-cristã e tem dois fundamentos muito simples: a irmandade dos homens, a paternidade de Deus, sendo este último o fundamento do primeiro. Os pedreiros do rito francês das classes azuis recebem assim uma educação simbólica baseada nesses dois princípios e nas alegorias que lhe são anexadas sem desenvolver o simbolismo alquímico ou cavalheiresco que está presente em outros ritos. É claro que isso não constitui de forma alguma um juízo de valor em relação a esses ritos, também praticados nas lojas da Grande Loja Nacional Francesa.
A doutrina maçônica

Excertos do Ritual de Aprendiz Maçom do REAA (1928)
P: Que é a Maçonaria?
R: Uma associação íntima de homens escolhidos, cuja doutrina tem por base o G.A.D.U., que é Deus; como regra, a Lei Natural; por causa, a verdade, a liberdade e a Lei moral; por princípio, a igualdade, a fraternidade e a caridade; por frutos, a virtude, a sociabilidade e o progresso; por fim, a felicidade dos povos que ela procura incessantemente reunir sob sua bandeira de paz. A Maçonaria existe e existirá sempre onde houver o gênero humano.
A Maçonaria proclama as seguintes doutrinas sobre que se apoia:
«Para elevar o homem aos próprios olhos, para torná-lo digno de sua missão sobre a Terra, a Maçonaria erige em dogma que o Grande Arquiteto do Universo deu ao mesmo, como o mais precioso dos bens, a liberdade, patrimônio da Humanidade toda, cintilação celeste que nenhum poder tem o direito de obscurecer ou de apagar e que é a fonte de todos os sentimentos de honra e de dignidade».
«Desde a preparação do primeiro grau até a obtenção do mais elevado da Maçonaria Escocesa, a condição primordial, sem a qual nada se concede ao aspirante, é uma reputação de honra ilibada e de probidade incontestada».
«Àquele para quem a religião é o consolo supremo, a Maçonaria diz: Cultiva a tua religião ininterruptamente, segue as inspirações de tua consciência; a Maçonaria não é uma religião, não professa um culto; quer a instrução leiga; sua doutrina se condensa toda nesta máxima — AMA A TEU PRÓXIMO».
«Àquele que, com razão, teme as discussões políticas, a Maçonaria diz: «Eu condeno qualquer debate, qualquer discussão em minhas reuniões; serve fiel e devotadamente à tua Pátria e não te pedirei contas de tuas crenças políticas. O amor da Pátria é perfeitamente compatível com a prática de todas as virtudes; a minha Moral é a mais pura, pois funda-se sobre a primeira das virtudes — A SOLIDARIEDADE HUMANA».
«O verdadeiro maçom pratica o Bem e leva a sua solicitude aos infelizes, quaisquer que eles sejam, na medida de suas forças. O maçom deve, pois, repelir com sinceridade e desprezo, o egoísmo, a imoralidade».
Os ensinamentos maçônicos induzem seus adeptos a dedicarem-se à felicidade de seus semelhantes, não porque a razão e a justiça lhes imponham esse dever, mas porque esse sentimento de solidariedade é a qualidade inata que os fez filhos do Universo e amigos de todos os homens, fiéis observadores da Lei de Amor e Simpatia que Deus estabeleceu no Planeta.
Considerações
A maçonaria é depositária de doutrinas morais, religiosas e filosóficas que têm sua gênese nos Antigos Manuscritos e que foram com o tempo sendo desenvolvidas, ao ponto em que estamos em sua atual fase especulativa.
Muito mais simples no princípio, a simbologia e filosofia maçônica foi gradativamente se tornando mais complexa à medida que absorvia elementos oriundos de outras escolas de pensamento.
Durante o século XVIII, foram criados cerca de mil graus maçônicos, dos quais boa parte foram aproveitados na organização de dezenas de ritos diferentes. Foi necessário buscar conteúdo para a produção destes graus em várias fontes, tais como a Cabala, a Alquimia, o Rosacrucianismo, o Hermetismo, a Teosofia e a Numerologia Pitagórica.
Alguns graus traziam conexões com temas da Antiguidade, surgindo daí a mítica da origem egípcia, na esteira na “egiptomania” que estava em voga na época. Outros graus traziam temas Templários, etc.
Em meio a esta avalanche de novas informações, o conteúdo original da maçonaria, que teve origem a partir do método pedagógico de alegorias e símbolos, com raiz genética na Maçonaria Operativa, sobreviveu.
A bem da verdade, a Maçonaria não estuda de forma aprofundada esses temas adicionados, senão apenas utiliza alguns elementos destes, fazendo somente menções superficiais, ficando a critério do maçom buscar mais informações em fontes externas.
Referências
1. ASLAN, Nicola. Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia. Londrina: Editora Maçônica “A Trolha”, 2012.
2. GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE RONDÔNIA. A Maçonaria para não maçons, 2020.
3. ISMAIL, Kennyo. Curso de Introdução à Maçonaria. No Esquadro, 2016.
4. ISMAIL, Kennyo. O que é Cabala e qual sua verdadeira relação com a Maçonaria? Disponível em O que é Cabala e qual sua verdadeira relação com a Maçonaria? – O Ponto Dentro do Círculo (wordpress.com). Acesso em 26 de setembro de 2022.
5. GRANDE LOJA SYMBÓLICA DO RIO DE JANEIRO. Ritual do Gráo de Aprendiz – Maçon. Rio de Janeiro: Typographia Delta, 1928.
6. MACNULTY, W. Kirk. A maçonaria. Símbolos, segredos, significado. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
7. MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Como o Rito Moderno pode contribuir para o futuro da maçonaria e das grandes lojas brasileiras. Apostila do Congresso Nacional do Rito Moderno - Novembro de 2021.
8. MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Curso de Introdução ao Rito de York. Disponível em https://cmsb.org.br/curso/introducao-ao-rito-de-york/. Acesso em 06 de janeiro de 2021.
9. MACHADO JUNIOR, Izautonio da Silva. Definição de Maçonaria. Revista Triponto, ANO II - Nº 03 - Fevereiro de 2021.
10. MUNIZ, André Otávio de Assis. Curso Elementar de Maçonologia. Editora Richard Veiga Editorial, São Paulo, 2016.




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