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A INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA NA EMANCIPAÇÃO DAS COLÔNIAS ESPANHOLAS


Izautonio da Silva Machado Junior



A INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA NA EMANCIPAÇÃO DAS COLÔNIAS ESPANHOLAS


Como é de conhecimento geral, após a descoberta oficial do continente, grande parte da América foi colonizada pelo Império Espanhol a partir do século XVI. Seus domínios se estendiam desde o México, na América do Norte, passando pela América Central e englobando a maior parte da América do Sul.


Colônias Espanholas
Figura: Colônias Espanholas.

 

Atualmente, a chamada América Espanhola compreende 19 países, que, durante muito tempo, foram explorados em seus recursos naturais e minerais, pois esse foi o sistema em que se baseou a colonização hispânica.

 

A partir do século XVIII, sob a influência das ideias iluministas que surgiram na Europa, iniciou-se um processo de resistência contra a Coroa Espanhola. No entanto, foi somente no início do século XIX, aproveitando-se da fragilidade da Espanha, invadida pelas tropas de Napoleão, que eclodiram diversas guerras de independência, culminando na libertação dos países colonizados.

 

Diferentemente do Brasil, a Espanha reagiu violentamente às insurreições emergentes, fazendo com que muitas vidas fossem perdidas em nome da liberdade nas diversas guerras daquele período.

 

Fazendo um paralelo com o Brasil, vale destacar que, após a independência, os países da América Espanhola adotaram, desde o início, o sistema republicano, e não o monárquico.

 

As datas da Independência dos principais países da América Espanhola são as seguintes:

País

Independência

Venezuela

1811

Paraguai

1813

Argentina

1816

Chile

1818

Colômbia

1810/1819

México

1821

Peru

1821

Equador

1822

Bolívia

1825

Uruguai

1825/1828

 

Os principais líderes que atuaram pela independência desses países foram os venezuelanos Francisco Antônio Gabriel de Miranda e Simon Bolívar e o argentino José de San Martín.


Simon Bolívar
Retrato do político e militar venezuelano Simon Bolívar (1783-1830), presidente da Colômbia e do Peru. Anônimo. Private Collection / Bridgeman Images.

Sem dúvida, a emancipação dos países latino-americanos é uma das maiores ações políticas já protagonizadas por maçons na história da humanidade.

 

Francisco Miranda, iniciado nos Estados Unidos, criou com o apoio da maçonaria inglesa uma entidade denominada Grande Reunião Americana, entidade política que tinha por escopo promover a Independência dos países americanos subjugados pelos espanhóis.

 

San Martín e Simon Bolívar eram maçons. Ao lado de outros maçons, como Bernardo O’Higgins, Alvear, Carlos Montufar e Antônio Nariño, aderiram ao projeto da Grande Reunião Americana. Desta entidade nasceu uma Loja denominada Lautaro, em Buenos Aires, Argentina (1812), a qual deu origem a diversas outras com mesmo nome espalhadas pelas colônias, e que tinham por finalidade implantar os ideais libertadores planejados pelos seus líderes.

 

O nome “Lautaro” foi inspirado em um guerreiro mapuche do século XVI que resistiu à colonização espanhola no Chile. Essa referência simbolizava a luta dos revolucionários latino-americanos contra o domínio europeu.


Lautaro guerreiro mapuche do século XVI

Paralelamente, a própria Grande Reunião Americana instalou sucursais na França e na Espanha, recebendo apoio da Maçonaria espanhola e dos Carbonários espanhóis.

 

Do ponto de vista acadêmico, não é possível afirmar que as lojas e entidades citadas foram as únicas responsáveis pela idealização dos movimentos de insurreição que levaram às guerras de independência e moldaram a configuração política das Américas. Embora muitos líderes independentistas tenham sido maçons, o papel da Maçonaria nesses processos ainda é objeto de debate entre historiadores. Não obstante, seu papel é reconhecido:


(...) é consenso na historiografia o fato de que as ideias difundidas pela maçonaria serviram para que os colonos ricos tomassem consciência da injustiça do pacto colonial e para a elaboração de jornais e documentos. (MOREL, 2008. Pág. 43)

 

Em síntese, enquanto alguns enaltecem a ação direta da Maçonaria, destacando que as suas lojas atuaram como importantes centros de articulação política, outros argumentam que os levantes foram impulsionados, sobretudo, por fatores sociais e econômicos, embora não seja possível negar a conexão, mesmo que indireta, dos movimentos libertários com a influência dos ideais maçônicos.

 

Referências:

CASTELLANI, José. A Ação Secreta da Maçonaria na Política Mundial. São Paulo: Landmark, 2001.

MOREL, Marco & SOUZA, Françoise Jean de Oliveira. O poder da maçonaria: a história de uma sociedade secreta no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

NALDON, Paul. Histoire générale de la Franc-Maçonnerie. 2ª edição. Friburgo: Office du Livre, 1987.

 

Autor:

Izautonio da Silva Machado Junior, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Civil e Processo Civil (UNIR). Especialista em Maçonologia (UNINTER). Doutor Honoris Causa (UNISCECAP). Oficial de Justiça Federal (TRT-14). Autor do livro “Introdução ao Rito de York: As Blue Lodges”. Grande Secretário de Relações Exteriores da GLOMARON. MI, Grau 33, KT. Membro da Academia Maçônica de Letras de Rondônia; da Academia Brasileira Maçônica de Letras, Teatro, Ciência, Arte e Música; da Academia Nacional de Maçons Imortais e da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras.


Artigo produzido em 02/06/2017, revisado, corrigido e ampliado em 23/02/2025.

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