O PAINEL SIMBÓLICO DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM
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Claudio Alvim Zanini Pinter[1]
O PAINEL SIMBÓLICO DO GRAU DE COMPANHEIRO MAÇOM

INTRODUÇÃO
Entende-se que o painel sintetiza todo os símbolos de cada grau que o maçom deve estudar e compreender para penetrar nos mistérios que rege a Maçonaria, bem como permitir que a Maçonaria entre com força e vigor no verdadeiro maçom. O painel contém cenas, caracteres, símbolos ou alegorias que se identificam com a tradição maçônica[2]. Em razão da diversidade de ritos maçônicos o painel simbólico do grau de companheiro que pretendemos estudar é baseado no Rito Escocês Antigo e Aceito, embora se pode eventualmente fazer alguma referência a outros ritos. No Rito de York, por exemplo, o painel também é conhecido como Tábuas de Delinear.[3]
Na Maçonaria primitiva os símbolos eram desenhados no chão, ligados à simbologia dos maçons operativos, bem como as Colunas e o Pórtico do Templo de Salomão. A partir do momento em que começaram a se reunir em lojas, passou-se a reproduzir os símbolos em painéis de tecido semelhantes a pequenos tapetes, que, após as sessões, poderiam ser enrolados e mantidos sob a guarda de um dos irmãos. Essa prática tornou a apresentação dos painéis mais estética e de apurada beleza, reproduzida pelos irmãos com excelente habilidade artística.[4]
No Brasil, adotou-se pelo Grande Oriente do Brasil, no painel da Loja de Companheiro, a inclusão da letra G no centro da Estrela Flamígera.
Em todas as sessões o painel do grau correspondente é aberto e fechado. No caso particular do grau de Companheiro, após o venerável dizer a seguinte frase: “Achando-se a Loj.: regularmente constituída, invoquemos o auxílio do G.'. A.'. D.'. U.'.”, o irmão 2º Diácono cumpre o seu papel... e, do altar de Juramentos, é que expõe o painel do grau de Companheiro, cabendo ao mesmo no encerramento da sessão quando o Venerável pergunta ao segundo Vigilante: “Que horas são Ir.: 2º Vig.'.?” E o segundo vigilante responde: “Meia-Noite, Ven.'. Mest.'.”, cumprir o seu papel, .... e executar a guarda do painel.
O presente trabalho tem como objetivo principal descrever o Painel Simbólico do Grau de Companheiro Maçom. A metodologia será bibliográfica. Tem-se como pergunta estratégica: Qual o principal objeto do Painel Simbólico do Companheiro Maçom? Para responder essa pergunta estaremos consultando autores que se destacam nessa literatura, rituais e dicionários que contribuam com esse entendimento.
Estaremos inserindo em cada imagem do painel uma reflexão pessoal. Não se tem a pretensão de esgotar o tema. Por isso, recomendamos outros pesquisadores a aprofundarem em outros ritos, consultar outros autores, descrever sobre o painel alegórico, acrescentarem outas interpretações maçônicas vivenciadas, dentre outros.
Pretende-se comentar sinteticamente os símbolos, as alegorias ou os caracteres encontrados no painel do grau de companheiro no Rito Escocês Antigo e Aceito:
Orla Denteada – É um dos ordenamentos de uma loja de companheiro. De acordo com Aslan, a Orla Denteada simboliza a união de todos os maçons e é composta de triângulos equiláteros pretos e brancos. Os brancos expressam que o maçom, sob a influência iluminativa de uma loja, deve exteriorizar para o mundo profano, enquanto os triângulos pretos representam a força de vontade e a persistência que o maçom deve ter para penetrar e entender os mais profundos mistérios que regem a Maçonaria e, portanto, o bem-estar de uma vida em sua plenitude. A alternância das cores (branco e preto) indica dualidade do bem e do mal, as tendências positivas (escandas) e as tendências negativas (nidanas) e o espírito sobre a matéria[5].
No início do século XVIII, os símbolos da Ordem eram desenhados a giz no chão, envoltos de uma corda chamada “borda dentada”. Segundo Figueiredo, na comaçonaria (Maçonaria mista), considera-se a orla dendeata como o emblema dos “Guardiães Protetores da Humanidade”, constituídos de Adeptos Perfeitos[6]. Já para os budistas, correspondem aos quatro Mahârâjas situados nos pontos cardeais.
Pavimento de mosaico – É um dos ordenamentos no centro da loja, composto de ladrilhos ou quadrículos de igual dimensão, ora branco ora preto, representando o equilíbrio que deve reger todas as nossas ações. Traduz-se que a todo esforço dado para o alcance de um objetivo maior, nossa satisfação será proporcional às mesmas ações empregadas.
Na tradição egípcia, o pavimento de mosaico era tido como algo sagrado: ninguém o pisava a não ser o candidato ao completar sua iniciação, o P.M.I. (Past Máster Imediato ou Mestre Examinado[7]), o segundo Diácono e o Turiferário no cumprimento dos deveres litúrgicos. Tem-se como largura ideal a de um duplo quadrado, ou seja, um paralelograma, “cujo comprimento seja o dobro de sua largura”.[8]
Relaciona-se também com a manifestação da dualidade, à qual o maçom é submetido diariamente e deve discernir entre o bem e o mal, o certo e o duvidoso, para manter-se fiel aos princípios e à Ordem da qual faz parte.
Pórtico – Representa a porta de entrada do Templo. Separa o mundo profano do mundo sagrado.
Interessante citar o edifício construído no século XIX, no qual está instalada a Assembleia Nacional de Lisboa, onde os deputados, ao adentrarem à assembleia, percorrem um corredor e uma sala, esta denominada de “Sala de Espaços Perdidos”. Acredita-se que essa tradição seja baseada nos ensinamentos maçônicos.
Por isso, é que precede nos Templos Maçônicos da Sala de Espaços Perdidos.
Delta – É a quarta letra do alfabeto grego ( Δ ), identificando o emblema da Tri-unidade, do tríplice força divina que se manifesta de forma indivisível como Vontade, Amor e Inteligência. É vista, nas igrejas judaico-cristãs e nos templos maçônicos, como uma glória, e algumas vezes representada pelos caracteres em hebraico do tetragrama IEVE[9] ou a letra G.[10]
Três Janelas – As três janelas que figuram no painel da loja indicam-se imaginariamente abertas para o Oriente, permitindo o ingresso da luz do sol sobre as trevas da ignorância; para o Sul, o ingresso da luz do meridiano procura evitar o surgimento de sombras que tanto ofuscam as coisas do bom, do bem e do belo. E a janela do Ocidente expressa a luz do poente e suas belezas (o pôr-do-sol). Entende-se também que as três janelas vêm opor-se aos preconceitos para que o iniciado busque constantemente a verdade, sem fanatismo, mas, sim, com sabedoria. Note-se que no Norte, onde é o lugar do Aprendiz Maçom, não tem janela, simbolizando a região da noite.[11]
Maço – Revela-se como a força de vontade que o maçom deve ter para vencer suas paixões, visando ao equilíbrio emocional, fruto de seu estado evolucional que tanto prejudica o indivíduo, suas relações pessoais e também com a própria Loja. Essa etapa precisa ser vencida para a perfeita harmonia consigo e com o ambiente que a constitui.
Cinzel – Símbolo da inteligência, a qual requer do maçom um constante aprimoramento dos conhecimentos para que ele possa atuar no mundo de forma diferenciada. Isso porque o verdadeiro iniciado é capaz de, através de seu toque, de sua presença, do seu trabalho, enaltecer a divindade que está presente em cada átomo do universo, realçando a beleza, fruto do aprimoramento do caráter e do cultivo das virtudes.
Régua de 24 polegadas – A régua representa a retidão do caráter e da conduta. Corresponde também ao uso racional do tempo: alimentação, higiene, trabalho, repouso, estudo e lazer. Poderíamos dizer, segundo a Sociedade Brasileira de Eubiose (Escola, Teatro e Templo), que o iniciado deve dividir as horas de cada dia para o crescimento pessoal e na sociedade a qual está inserido. Tempo não se guarda. Tempo se usa. E deve-se utilizar da melhor maneira possível com Sabedoria.
Pedra Bruta – Representa as asperezas nos quais o homem profano é recebido no grau de Aprendiz na Maçonaria. Seria, pois, o lado negativo do homem, o qual não podemos matar, mas sim transformar através da lapidação constante de nossos pensamentos e ações. Pitágoras já dizia: “Nunca ignores que deves aprender a dominar as paixões”.
Pedra Polida – Indica que o Aprendiz venceu as exigências do primeiro grau e passa a atuar na pedra polida, recebendo outros instrumentos além do maço e do cinzel para que o seu trabalho torne-se cada vez mais perfeito. Agora possui a régua, o compasso, a alavanca e o esquadro, já explicados no trabalho sobre o Ergon do Companheiro Maçom.
Prancheta – Serve para o Mestre desenhar e traçar o caminho que os aprendizes devem percorrer para alcançar o desenvolvimento e o crescimento pessoal. A prancha a traçar é um retângulo que contém a chave do alfabeto maçônico ao qual o maçom deve voltar seu pensamento em tudo que for realizar. Ressalta-se que as letras têm a forma de esquadro, que se relaciona “à matéria, não sendo visto o círculo, símbolo do espírito” devido a esse não ser mesmo visível.[12]
Esquadro – “Simboliza a retidão, a moralidade e a matéria”[13]. E é assim que o maçom deve agir em toda a sua plenitude.
Compasso – Delimita a ação do homem para que os seus planos tornem-se realizáveis e não fiquem apenas no mundo dos sonhos. Indica que a atuação do maçom deve estar em sintonia com o sentido de justiça, e que o espírito seja capaz de penetrar a matéria, fruto do seu estágio evolucional.
Nível – símbolo da igualdade. Embora tenhamos as nossas diferenças individuais, formas de agir e opiniões, essas têm que corresponder ao que fora traçado pelo G.'. A.'. D.'. U.'., uma vez que perante a LEI todos são iguais. É comum a expressão em que o verdadeiro maçom deve situar-se entre o esquadro e o compasso. Ressalta-se um dos lemas da Maçonaria pregado na Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Prumo – É o símbolo do equilíbrio, da prudência e da retidão. Indica que o maçom deve manter-se equilibrado física e psicologicamente a fim de permitir que as forças sejam revitalizadas e que possa exercer seu papel, de forma prudente e reta, quer na família, quer no trabalho, na sociedade. O desequilíbrio gera mau humor. Este, por sua vez, acaba forçando o homem a agir pelo emocional, provocando desarmonia interna (conhecido na modernidade como um tipo de estresse) o que gera atitudes desabonadoras, muitas vezes irreversíveis.
Espada – Muito poderia ser escrito sobre a espada (suas origens e tradições). Em razão da limitação do tempo e do grau ao qual pertenço, pode-se dizer que a espada representa a Igualdade, o Poder, a Autoridade, a Coragem, a Lealdade e a Honra.[14] O sentido guerreiro no qual muito foi utilizada a espada deve permanecer, no entanto, com o intuito de vencer o maior inimigo que está dentro do próprio homem: suas limitações e acomodações. Vencer o seu achismo. A espada serve também para romper com as vestes da ignorância, das injustiças e das desigualdades. O maçom deve continuar guerreiro, no sentido de conservar-se íntegro para exigir essa mudança, uma mudança que precisa começar por ele próprio[15].
Sol – Símbolo em quase todas as religiões da divindade. Na antiguidade o homem temia as noites frias e escuras devido aos grandes perigos que estavam expostos. Assim que o sol nascia viam nele um herói. É um símbolo masculino. Significa também poder supremo.
Lua – Do latim luna. Símbolo adotado pela Maçonaria porque representa a conciliação dos contrários.
De acordo com Mellor, na Inglaterra e posteriormente nos Estados Unidos algumas lojas localizadas no campo tinham como costume reunir-se na lua cheia a fim de evitar os ataques noturnos. É um símbolo feminino[16].
Estrelas – O painel possui cinco estrelas acima da corda de três nós e duas estrelas abaixo. O número cinco está relacionado ao grau de Companheiro, enquanto que sete estrelas indicam que o número mínimo de irmãos para se abrir uma loja, relacionando-se também com as sete Artes ou Ciências: Alquimia, Estética, Literatura, Teurgia (magia), Música, Mecânica, Filosofia. O maçom deve deixar de ser cometa para transformar-se em uma estrela.
Estrela Flamígera – Representa um dos ordenamentos de uma loja de companheiro. Em síntese, é a essência da divindade.
Letra G – A letra G possui inúmeros significados, embora se possa sintetizar com o sentido primitivo de geometria (arquitetura). Mais tarde, acrescentou-se o sentido de gnose[17], gravitação[18], gênio[19]. Importante que, identificando essa letra como Grande, divino, Deus, como o G.'. A.'. D.'. U.'., poderá sentir as vibrações positivas emanadas de uma fonte que é o princípio e o fim de todas as coisas. Para Mellor, a geometria não está no plano das figuras, mas sim uma geometria mais sutil que prefere falar “quando a loja estiver aberta”.[20] No Jainismo (religião antiga da Índia) o termo IÓ-ANNES transformou-se em IONES, JO-ANNES, JEAN, JOÃO,[21]. Segundo as tradições Jainas, este termo tem o sentido de: “retiro sagrado dos super-homens, Djins, Jinas, jênios, Gênios, enfim possuidores da criatividade universal. Para os egípcios, denomina-se Senhor do Mundo de Toth de seus sublimes iniciados.
Esferas – As duas esferas colocadas sobre as colunas representam o conhecimento que é facilitado ao iniciado, sendo uma esfera celeste e outra terrestre. Segundo Figueiredo é um emblema maçônico de regularidade e sabedoria. [22]
Alavanca – Símbolo do poder que multiplica a força da potência na remoção dos obstáculos colocados no nosso caminho. A quem tem força e persistência as dificuldades do dia a dia serão transformadas em molas propulsoras as quais remetem o indivíduo para o grau mais elevado. Ao invés de ficar reclamando, o indivíduo passa a agir dentro dos ensinamentos que lhe foram confiados como uma fonte de riqueza inesgotável.
Arquimedes, matemático grego (287-212 a. C), a respeito da alavanca disse a famosa frase: “Dêem-me um ponto de apoio e moverei o mundo”. E também a expressão heureka, que significa “achei”.
Coluna B – As colunas que se apresentam no painel do grau de companheiro são de origem romana: toscano e compósita. A coluna B está localizada no norte, local onde os aprendizes permanecem para exercer o trabalho. “Boaz” significa força.
Tem-se sobre a coluna B a figura de um globo contendo impressa o desenho do mapa da América. É provável que nessa coluna expressa as limitações que o maçom possui para ter uma visão do todo.
Coluna J – Localiza-se ao lado direito, onde os companheiros exercem o trabalho. A coluna J, de Jaquim, significa estabelecer. A união das duas colunas significa “Deus estabelecerá em fortaleza”.[23]
Tem-se sobre a coluna J a figura de um globo divido pelos meridianos, simbolizando o mundo.
Corda de três nós – A corda de três nós identifica as três etapas da vida: infância, juventude e velhice. Encontram-se figuras de corda com 7, 9 e 81 nós. As duas borlas pendentes representam a força e a beleza. No entanto, o denominador comum é que a corda independentemente do número de nós que os painéis apresentam transmitem a ideia e o sentimento de unicidade fraterna entre todos os irmãos. É o momento de sentir, em cada ser, a presença da divindade a qual devemos respeitar, instruir para o caminho do bem, exercer a caridade (no sentido mais elevado) e amar.
A Cadeia de União é uma das práticas ritualísticas para fortalecer os laços de amizade, irmandade, unicidade entre os membros da loja, em consonância com a Maçonaria universal, a fim de promover o bem-estar a todos os cidadãos.
Os degraus – As escadas, com seus degraus ascendentes em todas as religiões, transmitem a ideia de evolução, enquanto que os degraus descendentes indicam involução. O número de cinco degraus está relacionado à idade do Companheiro, ou ao tempo necessário em que o mesmo possa aprimorar os conhecimentos nesses graus e realizar novos avanços na sua escola evolutiva. Nesse período, caso o Companheiro tenha estudado e compreendido o verdadeiro significado de seu grau e praticado os ensinamentos maçônicos devidamente acompanhado pelos mestres, poderá pleitear a exaltação para o grau de Mestre.
No painel do ir.'. John Harris, a figura da escada é em forma de caracol, que conduz à câmara do meio. Esse assunto é merecedor de outras pesquisas.
Acredito que, à medida que o SER está evoluindo, o corpo denso vai se tornando cada vez mais sutil. Observa-se que a massa (matéria) para construir as escadas, quanto mais próxima do solo necessita-se de uma maior quantidade. Assim, que se vai evoluindo, ou seja, subindo os degraus, o volume de matéria irá reduzindo. E é isso que ocorre com o maçom. A partir do momento que galgar novos degraus que conduzem à sabedoria, irá reduzindo as asperezas humanas e tornando-se cada vez mais próximo ao divino: SER PERFEITO.
É importante refletir sobre a Escada de Jacó, termo esse muito difundido na Maçonaria, representando o ciclo evolutivo e involutivo da vida, o fluxo de nascimentos e mortes. Relaciona-se também à função das hierarquias.
Colher de pedreiro – É um instrumento confeccionado de chapa de aço, com cabo de madeira, com o qual os pedreiros retiraram a argamassa para alisar ou assentar tijolos. Embora esteja representado nesse painel, esclarecemos que no ritual de Companheiro não há referência a esse instrumento. Já no Rito Moderno, o companheiro que está sendo elevado presta o juramento colocando a mão direita sobre o Nível e a Trolha. Mas há uma confusão quanto a utilização dessa palavra. Cabe lembrar que pá de pedreiro, inexiste essa definição no dicionário. E que trolha é uma espécie de pá na qual o pedreiro tem a argamassa que vai usando.
A figura da colher de pedreiro está representada na Jóia do Arquiteto. Almir Sant’Anna Cruz questiona a hipótese de mudança, nos rituais, da palavra “trolha” por “colher de pedreiro”, mas admite que não vê nenhuma congruência nisso. Referencia o escritor maçônico Francisco de Assis Carvalho, conhecido como Xico Trolha, e caso tivesse que alterar todas as palavras nos rituais, passaria a Xico Colher de Pedreiro?[24]
A função de alisar, passar por cima é provável também que esteja voltada ao exercício do perdão de um agravo de um irmão, de um colega de trabalho, de um amigo. O termo empregado, “esquecer”, considera-se indevido, pois um homem com saúde perfeita poderá perdoar sem esquecer jamais.
Cabe salientar que a tolerância tem limites para não se tornar o maçom omisso ou conivente com a situação indesejável dentro dos princípios aos quais prestou juramento, devendo, portanto, cumpri-los acima de qualquer interesse particular ou de terceiros.
Cruz (1997) considera ainda que o instrumento da colher de pedreiro é algo de ação mais limitada, ao passo que o uso da trolha poderá encobrir “em demasia a imperfeição”[25], passando-se da tolerância para a omissão.
CONSDIERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que o objeto desse artigo foi alcançado tendo em vista que foi desenvolvido uma pesquisa com autores que tratam sobre o tema, dicionários e rituais.
No desenvolvimento do trabalho inserimos uma reflexão pessoal que conseguimos extrair através das leituras, práticas ritualísticas e contemplação de cada imagem contemplada no painel simbólico do Companheiro Maçom.
Concluímos, portanto, que o painel do grau de Companheiro possui uma riqueza inesgotável, de natureza tangível e intangível, cujas interpretações e relacionamentos irão desabrochar em cada maçom, de acordo com sua escala evolutiva. Logo, o importante de tudo isso é que o companheiro maçom pratique as virtudes de forma consciente.
Sugerimos outros pesquisadores para dar continuidade no tema aprofundando a pesquisa, tipos de ritos, bem como acrescentar outras reflexões que contribuem com a formação e cultura maçônica.
UM POR TODOS E TODOS POR UM, CONSTITUNDO UMA UNIDADE! QUE ASSIM SEJA!
REFERÊNCIAS
ASLAN, Nicola. Grande dicionário enciclopédico de Maçonaria e simbologia. Londrina: A Trolha, 1996. v.1-4.
BELTRÃO, Carlos Alberto Baleeiro. As abreviaturas na Maçonaria. São Paulo: Madra, 1999.
BÍBLIA Sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueiredo. Rio de Janeiro: Delta, 1980.
CRUZ, Almir Sant’Annna. Simbologia maçônica dos painéis. Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Londrina: A Trolha, 1997.
DEBESYS, Angelina. Hinduismo, Bramanismo, Lamaísmo e Budismo. A Índia e suas crenças, as mais distintas, mas todas baseadas nas idéias de que nossa vida na terra é parte de um ciclo eterno de mortes e renascimentos. Dhâranâ, São Lourenço, ano 78, ed. 242, p. 7, fev. 2003.
ENCICLOPÉDIA Universal ilustrada europeo-americana. Madrid: Espasa-Calpe, 1958, p. 718-719.
ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA DO BRASIL. Barsa CD. Rio de Janeiro, 1999. 1 CD-ROM.
FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário de língua portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira, 1996.
FIGUEIREDO, J. G. Dicionário de Maçonaria: seus mistérios, ritos, filosofia, história. São Paulo: Pensamento, 1991.
GRANDE ORIENTE DE SANTA CATARINA. Instruções do Grau de Companheiro Maçom. Florianópolis, 2001.
MELLOR, A. Dicionário da franco-maçonaria e dos franco-maçons. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
PINTER, Claudio Alvin Zanini Pinter. O Ergon do companheiro maçom. Trabalho apresentado na loja Acácia do Sul, n. 33, maio de 2003.
PLATÃO. Fedro. São Paulo: Martin Claret, 2001.
PUCHI, J. ABC do Aprendiz. Tubarão: Dehon, 1993.
Notas de rodapé
[1] Trabalho apresentado no grau de Companheiro, na Loja Acácia do Sul nº 33, Tubarão, 2003.
[2] ASLAN, Nicola. Grande dicionário enciclopédico de Maçonaria e simbologia. Londrina: A Trolha, 1996., p. 935. De acordo com Aslan, “quadro”, além de significar os maçons que compõem uma loja, designa também o Painel da Loja. FIGUEIREDO, J. G. Dicionário de Maçonaria: seus mistérios, ritos, filosofia, história. São Paulo: Pensamento, 1991, p. 369. O quadro oblongo colocado no meio da Loja chamado de Tapete ou Canteira.
[3] Considerando-se as diversas denominações utilizadas para esses Painéis, como Painel da Loja, Painel Simbólico, Painel Alegórico, Quadro da Loja e Tábua de Delinear, optou-se em não diferenciar essas designações, traduzindo-se como se fosse Painel de Companheiro. FERREIRA, A. B. de H. Novo dicionário de língua portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira, 1996. No entanto, acrescenta-se um outro significado do Dicionário Aurélio: “Verbete: painel [Do ingl. panel.] S. m. 1. Reunião em que uma mesa, constituída por personalidades ou especialistas, apresenta pontos de vista a respeito de um tema, a fim de serem debatidos pelo plenário”. Exemplo: Painel discute a origem da Maçonaria.
[4] CRUZ, Almir Sant’Annna. Simbologia maçônica dos painéis. Lojas de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Londrina, 1997, p. 62-63. Os painéis que mais se destacam são do irmão John Harris, desenhados em 1823 para a sua Loja, que funcionava no Rito York ou Emulação. Após 1846, outras potências maçônicas copiaram, entre elas o Rito Escocês Antigo e Aceito.
[5] ASLAN, ibid, p. 800. Compreendem-se também os inúmeros dentes como se fossem os planetas que gravitam ao redor do sol, os filhos em torno do Pai, bem como nas lojas os maçons e os objetivos comuns à Maçonaria. ALAN apud MACKEY: a orla denteada era representada por sessenta filetes ou fios indicando o número máximo de irmãos em uma loja, de acordo com os estatutos antigos.
[6] FIGUEIREDO, ibid, p. 111.
[7] BELTRÃO, Carlos Alberto Baleeiro. As abreviaturas na Maçonaria. São Paulo: Madra, 1999, p. 119.
[8] FIGEUEIREDO, ibid, p. 328.
[9] ASLAN, ibid, p. 498. Formas de se escrever o nome de Deus de Israel.
[10] FIGUEIREDO, Ibid p. 122.
[11] MELLOR, A. Dicionário da franco-Maçonaria e dos franco-maçons. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 151.
[12] ASLAN, Ibid, p. 890.
[13] CRUZ, Ibid, p. 144.
[14] CRUZ, Ibid, p. 144.
[15] Epitáfio (inscrição tumular) de um Bispo Anglicano (1100 DC), na tradicional abadia de Westminster diz que: “Quando era jovem e livre, sonhava em mudar o mundo....” Descobriu apenas na velhice se tivesse mudado a ele próprio teria de fato mudado o mundo inteiro.
[16] MELLOR, ibid, p. 173.
[17] Para o filósofo grego Platão, gnose é sinônimo de conhecimento. Tem-se hoje na Maçonaria como um dos significados da letra G.
[18] FERREIRA, ibid. A gravitação é a atração que um corpo exerce sobre outro, seguindo a Lei de Newton. Portanto, somos um átomo da divindade, crescemos e desenvolvemos para a fusão ao UNO.
[19] Genealogia Secreta do Ser Humano, IVR, Nº . 51. Gênio significa Pitris, Senhor Pai.
[20] MELLOR, ibid, p. 121-122.
[21] Talvez não seja por acaso que a Maçonaria tenha como patrono São João e comemora-se a data no dia 24 de junho, tempo em que as criaturas apresentam-se alegres em razão das comemorações hilariantes. A tradicional fogueira de São João está relacionado às quatro idades do ser humano: infância-adolescência, maturidade-velhice.
[22] FIGUIEREDO, ibid, p. 138.
[23] CRUZ, ibid, p. 150.
[24] CRUZ, ibid, p. 158.
[25] CRUZ, ibid, p. 158-159.




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