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CONCEITO DE MAÇONARIA

  • 23 de jul.
  • 5 min de leitura

Por Izautonio Machado

O artigo abaixo é um trecho do livro INTRODUÇÃO AO RITO DE YORK: AS BLUE LODGES. Para saber mais, basta clicar no botão abaixo.

INTRODUÇÃO AO RITO DE YORK: AS BLUE LODGES

CONCEITO DE MAÇONARIA

 


Símbolo da Maçonaria

De acordo com o Relatório da Pesquisa “CMI – Maçonaria no século XXI”, realizada no Brasil no ano de 2018, foi detectado que, aparentemente, menos de 5% (cinco por cento) dos maçons brasileiros sabem o que é a Maçonaria, tendo por parâmetro os conceitos e definições mais utilizados no mundo. Diante desse preocupante panorama, se revela imprescindível que este assunto seja sempre abordado de modo satisfatório, proporcionando aos maçons uma ideia correta do que seja a nossa Ordem.

 

Podemos afirmar que tradicionalmente a Maçonaria pode ser classificada em dois tipos: Operativa e Especulativa. O objeto deste estudo é, por óbvio, a Maçonaria Especulativa, também denominada Franco-Maçonaria.

 

Fazendo uma contraposição de ideias, podemos dizer que a Maçonaria Operativa se refere à construção de edifícios físicos, fazendo uso de materiais como a pedra e o mármore; e a Maçonaria Especulativa, por sua vez, se refere à construção de um templo espiritual no interior de cada um de seus adeptos, usando para esta finalidade as suas instruções.

 

Enquanto a Maçonaria Operativa tem por fim uma construção física (algo concreto), utilizando como meio conhecimentos científicos aplicáveis, como a Geometria e a Arquitetura, a Maçonaria Especulativa tem por fim uma construção espiritual (algo abstrato), utilizando como meio conhecimentos filosóficos e simbólicos que fazem alusão a construções físicas.

 

Assim, a Maçonaria Especulativa adota, para o seu propósito, os utensílios e materiais que eram utilizados na Maçonaria Operativa, conferindo-lhes significados simbólicos e filosóficos. Nesse sentido, já foi afirmado que a Maçonaria Operativa é uma Arte, e a Maçonaria Especulativa é uma Ciência[1] (MACKEY, 1869).

 

Feita a distinção supra, sigamos convencionados que doravante quando usarmos o termo “Maçonaria” de forma isolada, estamos nos referindo à Maçonaria Especulativa ou Franco-Maçonaria.

 

Embora não haja unanimidade entre os historiadores maçônicos, que criaram várias teorias acerca da origem da Maçonaria Especulativa, é geralmente aceito que esta é decorrente da fraternidade medieval de maçons operativos, o que se evidencia pela preservação de muitas de suas regras e lendas derivadas das chamadas Old Charges (Antigas Obrigações).

 

Os principais Princípios da Maçonaria são o Amor Fraternal, o Amparo e a Verdade, e estes revelam três dos principais aspectos da Ordem: Pelo Amor Fraternal, fica explícito que ela é uma sociedade de irmãos. Pelo Amparo, se denota que ela apregoa a prática da caridade e do bem ao próximo. Pela Verdade, temos que ela é uma escola de filosofia, que contém em seu bojo um sistema de moralidade e ética social, e que se baseia em lições de virtudes com o objetivo de promover o aperfeiçoamento de seus membros.

 

A Maçonaria é uma filosofia de vida, e por intermédio da simbologia, das

alegorias e de palestras, inculca em seus membros a prática das virtudes.

Embora tenha como uma de suas metas a livre investigação da Verdade, a Maçonaria não a define, mas incentiva seus adeptos a serem livres pensadores.

 

A Maçonaria abraça os ideais de liberdade política e enaltece o valor desta ciência social, mas proíbe em suas reuniões as discussões político-partidárias.

 

A Maçonaria não é uma religião, no entanto, possui um sistema de moralidade teísta na maioria de seus ritos, matizando muitas de suas instruções com lições religiosas e frequente alusão ao Grande Arquiteto do Universo.

É relativamente fácil definir a Ordem. A Maçonaria é uma organização fraterna secular, tradicionalmente franqueada somente aos homens. Propaga os princípios morais e busca promover a prática do amor fraterno e da atividade caritativa entre todas as pessoas – não somente entre os maçons. Não é uma religião; mas é uma sociedade de homens religiosos, na medida em que exige de seus membros que acreditem na existência de um “Ser Supremo”. O nome desse Ser, o texto sagrado em que é revelado e a forma pela qual deve ser adorado são assuntos que cada maçom deve resolver por si. Quando entram na ordem, os maçons prestam juramento diante do “Livro da Lei”, mas cada maçom faz seu juramento diante da escritura que ele, particularmente, considera sagrada. Ainda que exorte cada um dos Irmãos a seguir os ensinamentos de sua religião, a Maçonaria não se ocupa dos detalhes dessas religiões; e toda discussão religiosa sectária é proibida nas reuniões maçônicas. Embora não seja uma religião, a Ordem pode ser considerada uma “companheira filosófica da religião”. Essa ideia está implícita na definição da Maçonaria – tirada da Leitura do Primeiro Grau (Trabalho de Emulação) – como “um peculiar sistema moral, velado por alegorias e ilustrado por símbolos” (MACNULTY, 2012, p. 09).

 

Por outro lado, podemos ainda afirmar que a Maçonaria é também

uma organização iniciática e esotérica, explica-se:

A palavra Iniciação tem raiz latina, e significa começo. Deriva dos fonemas “In” (para dentro) e “Ire” (ir). Ou seja, ir para dentro, ingressar em seu interior para dar início a uma nova forma de conhecimento. Iniciar significa, portanto, introduzir alguém em um novo conhecimento, sendo exatamente isso que ocorre na iniciação maçônica, onde o iniciado passa a ter acesso aos conhecimentos da Ordem.

 

O esoterismo se caracteriza pela transmissão de conhecimentos mais avançados de forma progressiva a pessoas eleitas, consideradas aptas a recebê-los, sendo, portanto, de acesso restrito. É isto que ocorre na Maçonaria, através da seleção de membros e do sistema de graus maçônicos, que são etapas de estudos acessíveis progressivamente. Tais características não devem ser confundidas com o misticismo ou com o ocultismo.

 

Infelizmente, por desconhecimento da natureza da instituição a que pertencem, muitos maçons desejam fazer dela uma organização com objetivos completamente diferentes daqueles para os quais ela existe, desvirtuando as suas finalidades, o que é perigoso e coloca em risco a própria existência da Maçonaria.

(...) não há sentido em ser maçom se a Sublime Filosofia Iniciática, aquela que é a própria razão pela qual alguém ingressa na caminhada maçônica, é desprezada. (...) Se um novo pensamento de busca pelos valores realmente iniciáticos da Franco-Maçonaria não começar a brotar dentro de suas fileiras e de suas instituições, é pouco provável que a essência filosófica se mantenha e possa sustentar sua manutenção e seu avanço pelos séculos vindouros. Deixará ela [sic] de ser uma “instituição iniciática” e se tornará apenas uma instituição beneficente e altamente burocrática, de onde terá se retirado todo o teor iniciático. (...) É preciso que cada franco-maçom repense seu próprio papel, seu próprio proceder e que, pouco a pouco, isso se torne uma onda de renovação no interior do povo maçônico (MUNIZ, 2016, p. 135).

 

Muito se fala a respeito da questão da evasão maçônica, que ocorre de forma galopante em muitos países e bate à porta da maçonaria brasileira de modo preocupante. É necessário compreender que umas das causas do abandono pelos membros é o fato de não encontrarem na Maçonaria aquilo que vieram buscar no dia de sua iniciação: a luz maçônica. O aspecto iniciático da Ordem não deve ser negligenciado, pois é ele que induz o maçom a buscar a sua iluminação interior.

 

Nesse ponto, aludimos ao pensamento de Thomas Jackson, para quem a Maçonaria, ao longo de sua história, impactou o mundo, tornando homens bons em homens melhores, estimulando o seu intelecto em busca de mais conhecimento e, por consequência, participando da melhoria da sociedade. Foi assim que os maçons aperfeiçoaram a sociedade.

 

A Maçonaria serviu de ferramenta educacional e forneceu o ambiente no qual os bons homens construíram ideias e criaram os ideais de uma sociedade democrática. O mundo só é o que é hoje porque a Maçonaria existe, e essa só existe porque assumiu a responsabilidade de aperfeiçoar os seus membros.

 

A Maçonaria é um dos mais gloriosos produtos da mente humana, que obteve o êxito de chegar até os dias atuais, sendo responsabilidade dos atuais maçons preservá-la para as gerações vindouras.


Nota de rodapé

[1] A palavra ciência aqui possui um sentido lato, de conjunto de conhecimentos (do latim

scientia).


Fonte: Introdução ao Rito de York: As Blue Lodges

INTRODUÇÃO AO RITO DE YORK: AS BLUE LODGES
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